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sábado, 10 de dezembro de 2011

RESUMO TRABALHOS DO II ELAA-“conto de fadas” darwinista– uma perspectiva pluralista às novas e velhas cronologias extremas para o Continente Americano.

O impasse do “conto de fadas” darwinista– uma perspectiva pluralista às novas e velhas cronologias extremas para o Continente Americano. Antonio Carlos Ribeiro de ANDRADA Machado e Silva1, Lennon Oliveira MATOS2, Nevi Santos AMORIM3, Orestes Jayme MEGA4 1- Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)- antonioandrada@gmail.com; 2- Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)- lennon.matos@hotmail.com; 3- Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)- amorim.nevi@gmail.com; 4- Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF)- orestes_mega@yahoo.com.br. ABSTRACT: The antiquity of man in the American continent has been seen as a strong field of bitter disputes and controversy since “the discovery” of the New World. The contemporary debate carried out by scholars works with dates that rarely exceed the limits of chronological evolutionary concepts created by European and North American consensus in the last century and a half. However, in this same period, many different perspectives have been proposed, including in Brazil, chronological scenarios were produced by hard data obtained from research in own American continent. Such evidence cannot be supported by bio-anthropological evolutionary model in its contemporary narratives. Thus, ostracized under the stigma of "anomalous", such research has been placed on the margins of scholarly discussion and teaching institution for decades. These researchers, however, has used his findings in isolation in order to construct narratives that enhance visibility and timely proposals for smaller range. We understand, however, that such evidence, if is viewed together, not only shrink the chronologies of American occupation of the territory, but definitely, empirically deconstruct the biological and archaeological modern narratives for human origins. In this context, therefore, we not only appreciate a descriptive or historiographical analysis of these anomalous findings, but performed an epistemology analysis of it, a critic of the biological evolution discourse in archeology as the main superstructure for this existing filter of knowledge in the intellectual sphere, responsible for this cosmological paradigm of human origins in scientific modernity, this ontology is the foundation of a metaphysical narrative that remains only through institutional mechanisms of propaganda. Key words: American Archaeology, Human Origin, Evolution, Paradigm, Modern Discourse. RESUMO EXPANDIDO: Toda a perspectiva da narrativa tradicional da arqueologia se desenvolveu ao redor da lógica científica discursiva construída ao redor do núcleo axiomático da icônica Teoria da Evolução Moderna (ou Síntese Moderna). Essa narrativa, contudo, claramente confina-se ao entendimento do fenômeno humano num contexto ontológico da biologia moderna, que se insere numa lógica espaço-temporal (linear e evolutiva) construída pelo pensamento moderno (CREMO, 1999b). Esta concepção tem sido criticada como sendo apenas uma construção ideada, representada pela divisão que ocorreu no pensamento ocidental, como uma divisão da experiência, no advento da metáfora metafísica materialista, do mecanicismo e do rompimento com a re-construção do passado, tal discurso consolidou-se hegemônico nas estruturas sociais pelo distinto crescimento próspero desta certa visão filosófica particular do homem com seus meios particulares pelos quais os seres humanos operaram socialmente dentro deste contexto (THOMAS, 2004). Assim, neste mesmo período, outras diferentes perspectivas empíricas e teóricas foram propostas, muitas dentro da própria lógica moderna, entretanto, não alinhada com o eixo axiomático da cronologia produzida pelo paradigma da evolução bioantropologica, a partir de dados concretos obtidos em pesquisas no próprio continente Americano. Trabalhos arqueológicos em sítios neste continente, inclusive no Brasil, evidenciam a presença hominínea em períodos extremamente recuados em relação à teoria (CREMO, 1999). Tais evidências apontam para uma cronologia muito mais recuada do que os modelos evolutivos podem comportar em suas narrativas contemporâneas. Lembremos que a arqueologia ainda é uma disciplina histórica e moderna, empírica, mas fragmentária, de episteme dedutiva e de constatação experimental não replicável como a paleoantropologia, e assim propícia ao desenvolvimento de visões dogmáticas, que de certa forma constroem seu discurso “manufaturando o conhecimento” para a manutenção de suas próprias estruturas de poder, construindo sistemas de representação locais, instrumentos práticos e sistemas políticos para tornar suas descobertas fenomenalmente visíveis, e sobre tudo “consensuais” com a maioria das vertentes teóricas aceitas por tradição através da propaganda acadêmica. Mesmo que para isso tenha-se que negar o empirismo. Temos, por exemplo, o caso do Sitio Toca da Esperança, no estado da Bahia, publicado por M. Beltrão e de Lumley (1988). Com ossos datados por séries de urânio em três diferentes laboratórios: Gif-sur-Yvette, frança; University of Califórnia em Los alamos e pelo laboratório da U.S Geologycal Survey em Menlo Park. Este contexto de pesquisa, através de métodos absolutos, considera que o primeiro povoamento americano se deu há mais de 300.000 anos B.P, a hipótese seria que o Homo erectus já bem adaptado ao clima siberiano teria atravessado estreito de Bering na época do penúltimo ciclo glacial pleistocênico, Illinois que corresponde, na Europa, ao glacial Riss. Assim, há 400.000 anos ou mais. O interessante sobre este caso é que a pesquisa não foge ao consenso evolutivo, mas o mantém, ao atribuir seus achados arqueológicos ao Homo herectus, mesmo admitindo a falta de quaisquer evidencias fósseis (BELTRÃO; PEREZ, 2007). Outro caso brasileiro interessante foi o ocorrido num afloramento de maciço calcário, sítio Toca do Garrincho, sudeste do Piauí, próximo ao Parque Nacional Serra da Capivara, onde foram encontrados, “restos humanos diferenciados”. Um fragmento de osso parietal no sedimento de um depósito pré-escavado e alguns dentes de abaixo de um assoalho estalagmítico durante escavações realizadas por uma Missão Franco-Brasileira. Segundo Peyre (1998), junto com o paleoantropólogo Yves Coppens (GUIDON; PEYRE; GUÉRIN; COPPENS, 2000), chegaram a apontar num molar e num incisivo, que os espécimes possuíam várias características pré-sapiens. Apesar disso, e obviamente devido ao “contexto da pesquisa” (geográfico e biológico evolutivo), concluíram que os dentes apenas “possuem uma morfologia arcaica”, mas que pertencem ao Homo sapiens, exibindo características intermediárias entre os Homo sapiens e os Homo sapiens arcaicos (muito similar aos espécimes de Qafzeh e grupos humanos arcaicos da Ásia, África e Europa). Num exame mais detalhado da publicação, gostaríamos aqui de chamar a atenção para a semelhança apontada nos dados da biometria dos dentes com grupos de Homo neanderthalensis. Tal possibilidade é até mesmo discutida no artigo de Peyre, para depois ser descartada em prol da interpretação em favor da identificação como “Homo sapiens arcaico” devido à ausência de certas características presentes apenas em determinados grupos de neanderthais (GUIDON; PEYRE; GUÉRIN; COPPENS, 2000). Para os pesquisadores da Toca do Garrincho, a afirmação de que tais espécimes representam pré-hominídeos é absurda, não tanto porque não há contexto arqueológico para tal (como vimos com as pesquisas de Beltrão e sua atribuição a presença do Homo erectus), mas porque estes estão envolvidos em direcionar suas conclusões para apoiar tese local sobre o povoamento da América desenvolvida pela pesquisadora Niède Guidon, controversa também, mas que não afeta diretamente o paradigma africano da evolução humana. A interpretação de que os espécimes são em realidade “sapiens arcaicos” apóia a tese da pesquisa local do sudeste do Piauí de que a região teria sido uma das mais antigas a serem ocupadas pela presença do homem. Lembremos que a data consensual do paradigma evolutivo coloca o Homo sapiens surgindo entre 180 Ka a 150 Ka BP. Portanto, para estes pesquisadores, atestar que as populações do sudoeste do Piauí “preservaram” características arcaicas da época do surgimento do Homo sapiens, significa em suas própria palavras que estas evidências “comprovam” a tese de Guidon (GUIDON, PEYRE, GUÉRIN & COPPENS, 2000). Podemos comparar estes casos brasileiros com muitos outros como os da área arqueológica de Valsequillo no México, que utilizamos em nossa análise, principalmente o sitio Hueyatlaco (STEEN-MCINTYRE et al, 1981) que é um exemplo importante para refletirmos mais uma vez sobre a força do paradigma evolutivo direcionando as interpretações das evidencias. Assim, parece por fim, que a interpretação na arqueologia pré-histórica está sempre voltada para a manutenção do paradigma darwinista, quando não unicamente para a valoração da própria pesquisa local e de sua visibilidade, tomando por prática “metodológica” a escolha arbitrária de quais sítios específicos considerar para a construção de uma narrativa geral. As negativas sobre sítios de datas extremas recolhidas de maneira legítima no Novo Mundo não se harmonizam com o paradigma evolutivo do Velho Mundo, principalmente na questão espaço-temporal das origens humanas. Sobre a construção do discurso da modernidade na arqueologia, concluímos que o conhecimento de credibilidade, embora esteja situado numa intersecção entre localidade geográfica e diferenças culturais, ainda é hegemônico nas superestruturas da ciência como no que concerne à ontologia darwinista. Tal perspectiva se consolidou e se instrumentalizou, principalmente após a profissionalização da disciplina em meados do sec. XX, nas práticas institucionais que dirigiram seus esforços na manutenção das superestruturas narrativas dos estados capitalistas. O seqüestro da pesquisa científica sob a tutela hegemônica destes estados como agentes reguladores e financiadores viabilizou as práticas e mecanismos de controle no âmbito da pesquisa e sua propaganda tanto no ensino como na difusão. REFERENCIAS: BELTRÃO, M. C. de M. C; Perez, R. A. R. Questões de paleontologia humana: O homem nas Américas. XX Congresso Brasileiro de Paleontologia-UFC, 21 a 26 de Outubro de 2007. CREMO, M. Forbidden Archeology of the Early and Middle Pleistocene: Evidence for Physiologically and Culturally Advanced Humans. Em: World Archeological Congress 4, Cape Town, South Africa, January 9-14, 1999. CREMO, M. Puranic Time and the Archeological Record. Em: World Archaeological Congress 3, December 4–11, 1994, New Delhi, India. Published as chapter 3 in the the peer-reviewed conference proceedingd volume Time and Archaeology, edited by Tim Murray, Routledge, London, 1999b. CREMO, M. The Nineteenth Century California Gold Mine Discoveries: Archeology, Darwinism, and Evidence for Extreme Human Antiquity. Em: World Archaeological Congress 5 June 21-26, 2003 Washington, D.C. GUIDON, N., PEYRE, E., GUÉRIN, C., COPPENS, Y. Resultados da datação de dentes humanos da Toca do Garrincho, Piauí, Brasil , Clio Arqueológica, nº 14, 2000, p. 75-86. LUMLEY, H. de. et at. De’couvert d’outils taille’s associ’es `a des faunes du Ple’istocene moyen dans la Toca da Esperanca, E’t de Bahia, Br’esil. Comptes Rendos de l’ Acade’mie dês Sciences, No 306, serie II, 1988, P.241-247. STEEN-MCINTYRE, V., R. FRYXELL, AND H.E. MALDE, Geologic Evidence for Age of Deposits at Hueyatlaco Archaeological Site, Valsequillo, Mexico, Quaternary Research, v. 16, 1981, pp. 1-17. THOMAS, J. Archaeology and Modernity. London: Routledge, 2004.

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