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sábado, 3 de dezembro de 2011

HISTÓRIA DO SISTEMA DE DEFESA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

ANAIS DO II ELAA DO CBA NOVEMBRO 2011 HISTÓRIA DO SISTEMA DE DEFESA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Autor: Ibá dos Santos Silva (1) ( 1) ibadossantosilva@globo.com Resumo – O objetivo foi demarcar as ruínas e trilhas existentes desde o Brasil Colônia, passando pela época da Segunda Guerra Mundial, na Zona Sul do Rio, de Copacabana até o morro da Babilônia, entre Urca e Leme. Para tal foram constituídas duas equipes multidisciplinares, uma de consulta, com historiadores e outra de demarcação com funcionários do Estado, do Município e pessoal do Conselho Gestor da APA local. A idéia é constituir outra equipe com arqueólogos e geólogos para analisar e demarcar a área, visando tombá-la e mapeá-la, e preservar as demais ruínas e trilhas, concentrando tudo em um centro de referência e dados. Palavras chave: Babilônia, história, Rio de Janeiro, ruínas, trilhas, Abstract – This paper has the purpose of demarcate the ruins and tracks existent from the Colony and World War II times in the south area of Rio de Janeiro, from Copacabana to Babilonia’s mountain, between Urca and Leme neightbourhood. For that, it was called two multidisciplinary teams, one with historians, for consulting, and other one with employees from the State, from the county and from the local council, for marking the area. The idea is to take another team with arqueologists and geologists to analyze and mark the area, seeking to make and inventory of the lands, to map and preserve all the others ruins and tracks, keeping all together in a data base. A História no Brasil Colônia, a Fundação da Cidade e o Sistema da Defesa - Por volta de 1.700 os portugueses, como é do conhecimento de todos, já haviam fundado a Cidade do Rio de Janeiro junto a entrada da Baía de Guanabara, em ponto muito estratégico, posto que para que fosse atacada por mar o navio teriam esses que passar pelo estreito entre os Morros do Pão de Açúcar e o de onde fica a atual Fortaleza de Santa Cruz, hoje no município de Niterói. Além disso, o navio teria que virar de lado, pois os canhões ficavam nas laterais das embarcações, para assim bombardear a cidade. Ou seja, seria difícil o empreendimento. As Invasões - No entanto, haveria de considerar a questão geográfica. Ou seja, os morros que dificultavam o acesso a cidade, e as depressões e partes planas dos vales que poderiam virar uma armadilha para emboscadas. Por esses vales poderia haver as invasões por terra. Essas invasões poderiam acontecer, e aconteceram de fato, seja por piratas ou corsários, ou por tropas estrangeiras. As mais temidas na época eram as inglesas, as francesas e as holandesas. As espanholas pouco se aventuravam por aqui. Não que os portugueses não supusessem que não poderiam ser atacados pelos espanhóis, mas porque havia sido assinado o Tratado das Tordesilhas, com aval do Papa, que dividiu as conquistas entre Espanhóis e Portugueses. Então os outros, sobretudo os franceses, se sentiram injustiçados. Não se considerou o ponto de vista dos conquistados como injustiçados, mas a das demais nações com frotas de conquistas. Aos espanhóis caberia a conquista das partes sul e oeste da América do Sul e a América Central e Caribe, aos ingleses, não contemplados no Acordo de Tordesilhas, a América do Norte. No entanto, havia um acordo tácito entre espanhóis e portugueses qual seja o da aguada e abastecimento. Naquela época haviam doenças e pragas que causavam muitas mortes nos navios. Assim os navios vindos do Cone Sul de regresso a Espanha, ancoravam em terras brasileiras, em determinados pontos da costa para renovar estoques de água e alimentos. Entre esses pontos um dos que mais prosperou foi o Leme, onde haviam chácaras e água provenientes das encostas dos Morros de São João e do Babilônia. Para se imaginar o que era o Leme, basta imaginar a ausência do Túnel Novo e a presença do Morro do Inhangá, hoje escondido por ter sido dinamitado e separado em dois, e o que sobrou está por trás dos edifícios na rua em frente ao Teatro Gláucio Gil e por trás da Escola Estadual Pedro Álvares Cabral, na Rua República do Peru. Assim o Leme foi importante para abastecimento da Cidade do Rio de Janeiro e das tropas estrangeiras e se estendia de onde fica hoje a rua República do Peru até o Morro do Leme, então chamado pròpriamente de morro da Vigia. O único acesso a ele era pela Ladeira do Leme, atual Rua Coelho Cintra. Assim, era necessário que cuidassem da aproximação dos navios e isto só poderia ser divisado do alto dos morros. Os portugueses verificaram que os índios também cuidavam estrategicamente de defender suas tribos das invasões por outras tribos. Assim estabeleceram amizade, pelo mútuo interesse, com os índios e com isso estes ensinaram aos portugueses como defendiam essa área geográfica e como utilizavam a seu favor os pontos considerados fracos. Os pontos fracos eram três. O Estreito do Humaitá, a Ladeira dos Tabajaras e a Ladeira do Leme. Os três eram importantes, mas a Ladeira do Leme por ser mais próxima a cidade era crucial, por isso, até hoje ali existe uma área de concentração de militares. No entanto houve as invasões francesas, como se sabe. A mais trágica foi a do corsário francês Du Guay Trouin, havida em 1711. Ou seja, há exatos 300 anos. A Estratégia – Após essa invasões o Marquês do Lavradio viu a necessidade de construir um Sistema de Defesa da Cidade do Rio de Janeiro Viram então os portugueses que, ao contrário dos sistemas de defesas europeus, que compreendiam construções de castelos, fossos, áreas descampadas para visualização de aproximação dos inimigos, Mas esses sistemas defendiam as cidades e não o campo que abastecia as cidades. Mas as cidades dependiam do campo para seu abastecimento e da água, como até hoje. Por outro lado os índios defendiam a permanência da floresta, como estratégia para esconder seus deslocamentos e da floresta vinha seu abastecimento. Mais ainda esse sistema de abastecimento era permanente e eterno. Dependendo do conhecimento da área e de como fazê-lo. Coisa que os índios sabiam e poderiam ensinar. Viram também então os portugueses que esses deslocamentos se davam por trilhas pelas partes mais altas dos morros. De lá desfrutando de ampla visão, de pontos mais altos que os castelos europeus, observavam os movimentos, mantendo comunicação com mediante mensageiros que desciam a pontos estratégicos onde se concentravam os guerreiros. Podendo ainda concentrar mais guerreiros se necessário. Essas trilhas, no caso em questão, eram pelo alto dos Morros da Saudade, onde, havia concentração de tropas no vale cuja saída para o vale se dava por onde é hoje a Rua Macedo Sobrinho, e, por outro lado, por onde há até hoje uma comunidade escondida atualmente pelos prédios que fica em frente (no lado oposto ao CIEP Agostinho Neto), a trilha saindo do final da Rua Macedo Sobrinho, subia e ainda sobe ao alto do Morro da Saudade, de onde se vislumbra visão privilegiada da Lagoa Rodrigo de Feitas, continuando pelo alto do Morro passava por, onde é hoje a Comunidade de Tabajaras, onde havia outra concentração de tropas, vinha pelo alto do Morro de São João, descia para a Chacrinha, onde havia a maior concentração, ou descia para onde é hoje o Condomínio Morada do Sol, que a interrompeu. A maior concentração era na Chacrinha porque era o ponto mais fraco e onde havia a maior fonte de água, onde eles puderam plantar árvores frutíferas, tais como jaqueiras, abacateiros, e onde havia perto outra fonte de alimentos, os peixes da praia. Ao lado da Chacrinha, supostamente morou um pescador chamado Teodoro, sobre o qual só existe tradição oral, mas num terreno pertencente atualmente a Light Serviços Elétricos e que deveria ser repassado para o Estado, existe as ruínas da que talvez seja a casa mais antiga do bairro e que supostamente pertenceu a este pescador. Os morros eram cobertos de florestas, deixadas em seu estado natural e usadas como aliada. Essa floresta possuía e possui e ainda são usadas trilhas, desde o Humaitá até o Leme e até a Fortaleza de São João. Nosso trabalho consistiu em demarcar com georreferenciamento essas trilhas e ruínas do tempo do Brasil Colônia existente desde o local onde hoje é o Parque Estadual da Chacrinha e o Alto do Morro da Babilônia. Da Chacrinha para o Morro da Babilônia existem várias trilhas a demarcada foi a chamada trilha da tropa montada, até os Arcos sobre a Ladeira do Leme. A trilha sai da Chacrinha por onde é hoje a Rua Coelho Cintra (Ex- Ladeira do Leme), onde após fazer breve contorno onde hoje é a Delegacia da Vila Militar da Babilônia segue por cima dos arcos que foi mandado construir em 1728 pelo Marquês do Lavradio. Há também várias ruínas desse Sistema de Defesa mandado erguer pelo Marquês do Lavradio. Os terrenos do Sistema de Defesa desde a época do Marquês até hoje pertencem a União, sob guarda do Exército. O Sistema resultou tão eficaz que após séculos voltou a ser utilizado novamente durante a Segunda Guerra Mundial, construindo-se casamatas no interior da mata e usando, novamente o alto dos morros como postos de observação e a floresta como aliada. As trilhas vão desde o Humaitá, como dissemos e vão até a fortaleza de São João na entrada da Baía de Guanabara. Nosso trabalho foi constituir uma equipe multidisciplinar, demarcar os pontos e elaborar um mapa entregue ao INEPAC para dessa forma proteger as ruínas do Sistema de Defesa. Arcos sobre a Ladeira do Leme, mandado erguer pelo Marquês do Lavradio para o Sistema de Defesa da Cidade do Rio de Janeiro. Ruínas do Ponto da Vigia no cume do Morro da Babilônia. A visão é 360º. Avista-se Copacabana, a Baía da Guanabara até a Serra dos Órgãos, Niterói e Maricá. Coordenador: Ibá dos Santos Silva, Engenheiro Agrônomo. Historiadores Militares Consultados: Alba Bielinski e Roberto Barcellos. Geógrafo: Wilson Messias dos Santos Júnior com apoio de Luis Dias da Rocha Lima, Engenheiro Agrônomo e o Biólogo Leandro Jorge Telles Cardoso. Equipe Local da CoopBabilônia: Jair Coelho Agenor e Nilson Celestino Assunção Filho.

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