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domingo, 15 de janeiro de 2012

PESQUISA

Mais um patrimônio ameaçado

Rio de Janeiro, Brasil.

Beach rock de Jaconè ameaçado de desaparecer para a construção de um Porto de interesse da Petrobrás.Local visitado por Darwin em 1932 tem alto interesse geológico, histórico e arqueológico sendo um patrimônio da humanidade.


PESQUISA

AGUARDE

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

ANAIS DO I ENCONTRO LATINO AMERICANO DE ARQUEOLOGIA


Conferência
PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, MEIO AMBIENTE
E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
José Luiz de Morais
Professor Titular, Museu de Arqueologia e Etnologia – USP
jlmorais@uol.com.br





ambiente
sumário
1 . Construindo uma interface amigável entre o patrimônio arqueológico e o meio ambiente
2. Estatuto jurídico do patrimônio arqueológico: novas tendências
3. Formatando uma linha deNacional do Meio Ambiente: proteção e preservação
5. As unidades de conservação e as estratégias de preservação da arqueoinformação
 pesquisa na interface patrimônio arqueológico/meio
4. Patrimônio Arqueológico e Política


1 . Construindo uma interface amigável entre o patrimônio arqueológico e o meio ambiente
— o patrimônio arqueológico e os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente
     destaques, lei federal 6938/1981
          o zoneamento ambiental
          a avaliação de impactos ambientais
          o licenciamento ambiental
          a criação de unidades de conservação
          o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente
          o Cadastro Técnico Federal de Atividades
          as penalidades disciplinares ou compensatórias
— A importância da definição da regra infra-legal pela União
          resolução CONAMA 001/1986
          resolução CONAMA 237/19997         
          portaria IPHAN 230/2002)



2. Estatuto jurídico do patrimônio arqueológico: novas tendências
A tutela e a gestão do patrimônio arqueológico, enquanto bem da União, será melhor entendida à luz da consideração conjunta de vários dispositivos constitucionais, começando pelos princípios estabelecidos no art. 1º do diploma maior que, além de discriminar a arquitetura do sistema federativo — União, Estados, Distrito Federal e Municípios — define que o Brasil é um Estado Democrático de Direito, onde todo o poder emana do povo.
Enquanto Estado, o Brasil tem propriedades e sua pessoa jurídica central — a União — incorpora o patrimônio arqueológico como um de seus bens. Porém, em que pese o estatuto de bem da União, o patrimônio arqueológico, como parte do meio ambiente cultural, estaria atrelado à condição de bem ambiental de interesse difuso.
Entendido como bem de interesse difuso, o patrimônio arqueológico será de uso comum do povo brasileiro. A União, sua gestora, fixará as regras para a sua melhor fruição, mediante a consolidação de estrutura híbrida que garanta a participação direta da sociedade.



3. Formatando uma linha de pesquisa na interface patrimônio arqueológico/meio ambiente
  ARQUEOLOGIA DA PAISAGEM
  — relações arqueologia / geografia
       espaço
       território
       georreferenciamento
       planejamento e gestãoArqueologia da paisagem
O escopo da arqueologia da paisagem é  investigar o processo de artificialização do meio, na perspectiva dos sistemas regionais de povoamento. Seu tema central é a reconstrução dos cenários das ocupações humanas, com foco na dispersão das populações pelo ecúmeno, episódio que gerou paisagens específicas.
Fundamentada nas bases teóricas e conceituais das disciplinas de origem [arqueologia e geografia], a arqueologia da paisagem converge seus esforços para duas dimensões: a matriz ambiental natural, relacionada com o meio físico-biótico, e o ambiente modificado, relacionado com o meio socioeconômico e cultural.
Resumindo, ela se configura como uma estratégia de investigação para o estudo dos processos sociais em sua dimensão espacial, reconstruindo e interpretando a evolução da paisagem arqueológica e os padrões de assentamento a partir das expressões materiais da cultura.  




Paisagem, espaço e região são termos freqüentemente empregados na geografia, disciplina que cuida das relações homem/meio. Tema clássico da investigação geográfica, a noção de paisagem difere de acordo com o interesse de que é objeto ou a maneira como se encara.
São diferentes os enfoques que geógrafos, historiadores e arquitetos utilizam no trato da paisagem que, de maneira simples, tem sido definida como a parte de um território que se apresenta como um cenário composto por um mosaico de elementos relevantes ao observador.
Portanto, o entendimento da paisagem resulta da análise de tudo o que é visível à observação, compondo um mecanismo complexo de múltiplas variáveis.

No caso da arqueologia da paisagem, o termo é preferencialmente visto sob a ótica da sociedade, ou seja, a paisagem é construída e continuamente reconstruída pela sociedade em evolução.
Resumindo, a paisagem, resultado do processo de artificialização do meio, é objeto da arqueologia da paisagem, linha de pesquisa que estuda a regularidade, o arranjo e a distribuição das transformações do meio ambiente em uma área geográfica definida. O processo de artificialização do meio resulta na sucessão de cenários plenamente articulados, reforçando a complexidade do conceito de paisagem construída.
A paisagem analisada pelo arqueólogo não é apenas o ecossistema mas, sim, o lugar pleno de assinaturas antrópicas que se sucedem no tempo. Pela forma e evolução da paisagem construída, procura-se chegar aos seus autores




estágios da arqueologia da paisagem [considerando a arqueologia in totum]
1 básico
Rastreamento do potencial arqueológico, incluindo os compartimentos da paisagem, os conjuntos urbanos, as edificações [arquitetura formal e vernacular] e demais construções de interesse para a arqueologia.
2 avaliação
Mensuração do potencial arqueológico, convergindo para o rastreamento de registros arqueológicos por extensões de tamanho variado, com o reconhecimento genérico de sua forma, funcionamento e mudanças.
3 manejo
Intervenção no patrimônio arqueológico, com o reconhecimento de sua forma, funcionamento e mudanças, em detalhe.





Sistemas regionais de povoamento
A coordenação entre registros arqueológicos, inferida pelas possíveis relações espaciais, socioeconômicas e culturais [considerando sua proximidade, contemporaneidade, similaridade ou complementaridade], pode indicar um antigo sistema regional de povoamento
O conceito de sistema regional de povoamento tem sua melhor sustentação na geografia, pois refere-se à dispersão das populações pelo ecúmeno terrestre e à conseqüente produção paisagens, com a construção de cenários que se sucedem.
O enfoque dos sistemas regionais de povoamento é organizado por escalas de abordagem: macro-sistemas [macro-região], sistemas [região] e sistemas locais [micro-região]; a escala intermediária – sistemas regionais – identifica o conceito por ser a mais comum.


4. Patrimônio arqueológico e Política Nacional do Meio Ambiente: proteção e preservação
    — federalismo cooperativo / competências comuns e concorrentes
A portaria IPHAN 230, de 17 de dezembro de 2002 estabeleceu o compasso necessário entre as licenças ambientais e a salvaguarda do patrimônio arqueológico, uniformizando ações, tanto da parte do corpo técnico do órgão federal, como dos profissionais que lidam com o assunto.
Fazendo uso das competências comuns e concorrentes na proteção do patrimônio arqueológico, do Estado de São Paulo editou a resolução SMA 34, de 27 de agosto de 2003, que disciplina a inserção da arqueologia na avaliação de impactos ambientais pelo órgão licenciador ambiental paulista.
     — Nela é reiterada a competência federal para avaliar os assuntos de arqueologia no licenciamento ambiental; porém, só se aplicará a portaria IPHAN 230, quando o estudo exigido for o EIA/RIMA. Nos demais estudos – RAPs, RIVs, EASs – há de se verificar antes, a existência de informações, indícios e evidências arqueológicas na área diretamente afetada pelo empreendimento.






5. As unidades de conservação e as estratégias de preservação da arqueoinformação
Preservação in situ: a adoção de mecanismos de manutenção e proteção dos registros arqueológicos nos ambientes de origem constitui a preservação in situ. Não há intervenções diretas que possam comprometer a estrutura física dos registros, embora sua leitura e análise seja possível por meio de métodos não invasivos.
Preservação ex situ: admite intervenções severas na estrutura física dos registros arqueológicos por meio de levantamentos arqueológicos, prospecções e escavações. O desmonte da matriz arqueológica é obrigatoriamente compensado pelo registro preciso das posições originais, de modo que ela possa ser virtualmente reconstituída em meio eletrônico. Os materiais coletados constituem o acervo das expressões materiais de cultura daquela sociedade extinta que deixou assinaturas em determinados compartimentos paisagísticos.



. As unidades de conservação e as estratégias de preservação da arqueoinformação
Lei federal 9985, de 18 de julho de 2000
SNUC – Sistema de Unidades de Conservação da Natureza
áreas protegidas > unidades de conservação > criação pelos níveis do sistema federativo
       — proteção integral: estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre;
      
       — uso sustentável: áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, florestas nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimento sustentável e reservas particulares do patrimônio natural.

DISTRIBUIÇÃO DOS SISTEMAS REGIONAIS DE POVOAMENTO INDÍGENA
PRÉ-COLONIAIS NO TERRITÓRIO PAULISTA
primeira aproximação








MACRO-SISTEMA DE CAÇADORES-COLETORES
Neste momento, a consolidação da arqueoinformação permite a abordagem dos caçadores-coletores do território paulista em escala macro, embora alguns desenhos regionais possam ser esboçados, em caráter especulativo.

Assim, um provável sistema regional ‘umbu’, correlacionável à tradição arqueológica, poderia ser aceito no momento em que for possível ampliar os limites da coordenação entre os respectivos registros arqueológicos, enfatizando as possíveis relações espaciais, socioeconômicas e culturais [na ‘tradição’ ela está centrada na tecnotipologia das indústrias líticas]. Embora sejam marcantes as dificuldades, o investimento em geotecnologias aplicadas à arqueologia poderá melhorar o quadro. 
 Nos flancos setentrionais do território paulista, a arqueoinformação ainda carece de melhor consolidação. Ao que tudo indica, há forte influência de sistemas regionais cujas áreas nucleares se localizariam entre as bacias do alto Paranaíba e do alto Tocantins e no alto-médio São Francisco.





MACRO-SISTEMA DE CAÇADORES-COLETORES
Continuando, o cenário genérico do macro-sistema de caçadores-coletores é tripartido:
— no interior paulista, as influências centradas no sul [eventualmente umbu] se sobrepõem às centradas na região do alto Paranaíba / alto Tocantins e no S. Franciso médio-superior; o eixo da subreposição estaria no rio Tietê, cuja bacia, alongada no sentido sudeste/noroeste comporia uma larga faixa de contato entre essas influências.
— as escarpas do planalto Atlântico, que regionalmente formam o conjunto serra do Mar / serra de Paranapiacaba] teriam separado abruptamente os sistemas regionais do planalto das populações sambaquieiras, que comporiam um sistema regional bem identificado e, portanto, de melhor individualização.

MACRO-SISTEMA DE AGRICULTORES
A ancestralidade tupi, guarani e kaingang compõe o macro-sistema de agricultores indígenas, que mais claramente pode ser organizado nos sistemas correspondentes: tupinambá, guarani [resultantes do desdobramento da tradição tupiguarani] e kaingang [correspondente à tradição itararé]. Embora as respectivas identidades sejam claras, a distribuição dos sistemas pelo território paulista ainda é bastante especulativa, especialmente considerando a efetiva sobreposição entre os sistemas guarani, kaingang e tupinambá, especialmente no Paranapanema que, neste caso, seria a faixa de sobreposição.

Na metade norte do território paulista, os interflúvios entre as bacias do Tietê e do Grande marcam o eixo de uma larga faixa de sobreposição entre os sistemas tupinambá e guarani e um possível sistema Sapucaí, correlacionável












Introdução à primeira aproximação cartográfica da distribuição dos sistemas regionais de povoamento indígena pré-coloniais pelo território paulista
— diretrizes principais:
a] parâmetros geoambientais
distribuição da coleção hídrica, modelado do relevo, identidade climática, organização da cobertura vegetal; especificidades e condicionantes micro-regionais;
b] parâmetros arqueológicos
georreferenciamento de registros arqueológicos [considerados marcadores territoriais dos sistemas]; datações [consideradas marcadores temporais dos sistemas, compondo um quadro de fluxos e refluxos de expansão]; inserção dos registros arqueológicos em quadro tipológico referencial, adequado ao escopo das aproximações cartográficas [escalas].
QUADRO TIPOLÓGICO REFERENCIAL
primeira aproximação
Registros arqueológicos de assentamentos do macro-sistema de caçadores-coletores indígenas pré-coloniais, produtores de pedra lascada, com expectativa de datação  entre o 1o e o 7o milênio a.C.
 
Registros arqueológicos de assentamentos de agricultores dos sistemas regionais Guarani, Kaingang ou Tupinambá, produtores de cerâmica e praticantes de manejo agroflorestal, com expectativa de datação  entre o 1o milênio d.C. e meados do século XVI; tentativamente se inclui um provável sistema regional Sapucaí.


QUADRO TIPOLÓGICO REFERENCIAL
primeira aproximação [continuação]
Registros arqueológicos multiusuários pré-coloniais não estratificados, compostos por escórias de matérias-primas líticas e artefatos, resultantes de atividades minerárias ou de oficinas indígenas pré-coloniais; matriz sedimentar inexpressiva.
 
Registros arqueológicos multicomponenciais de sucessivas ocupações humanas, com  seqüências estratigráficas inseridas na matriz sedimentar.
Ocorrências arqueológicas: objetos aparentemente isolados ou  informações georreferenciadas relativas a registros arqueológicos. 
NO PROCESSO DE MAPEAMENTO, OS REGISTROS ARQUEOLÓGICOS SÃO ASSUMIDOS COMO MARCOS TERRITORIAIS QUE, GEORREFERENCIADOS E INSERIDOS CRONOLOGICAMENTE, PERMITEM A DELIMITAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DOS TERRITÓRIOS DOS SISTEMAS REGIONAIS DE POVOAMENTO.

























ANAIS DO I ENCONTRO LATINO AMERICANO DE ARQUEOLOGIA


Parque Paleontológico de São José de Itaboraí
Maria Antonieta Rodrigues ( UERJ)











O Parque Paleontológico de São José de Itaboraí está localizado na área geográfica da Bacia de São José de Itaboraí. Em 1990, a Prefeitura de Itaboraí declarou esta área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação, e em 12/12/1995, criou o “Parque Paleontológico de São José de Itaboraí”.



O calcário de Itaboraí foi descoberto pelo proprietário da área. Professores da Universidade do Brasil logo realizaram estudos sobre a ocorrência e, durante as escavações, foi encontrada grande quantidade de fósseis, despertando o interesse científico para o estudo da região.





Estudos preliminares de campo e análises químicas mostraram o grande potencial de exploração do calcário para a fabricação do cimento tipo Portland








Logo, a Companhia Nacional de Cimento Mauá conseguiu o Manifesto de Mina e começou a lavra no final da década de 20. Foi a segunda experiência bem-sucedida de fabricação de cimento no Brasil.Em 1984, a Cia. De Cimento Mauá paralisou a mineração, deixando uma cava com cerca de 70 metros de profundidade. Aos poucos a água subterrânea e a água da chuva foram preenchendo a cava, formando um lago no local. 









Atualmente a água da lagoa abastece a população local, coordenado por uma cooperativa local, a Cooperágua.  

 A Bacia de Itaboraí é o mais antigo registro brasileiro da fauna e flora fóssil continental que se desen-volveu após a extinção dos dinossauros, no final do período Cretáceo.  


É ricamente fossilífera, tendo já sido coletados milhares de fósseis de gastrópodes, vegetais, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.