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sábado, 10 de dezembro de 2011

Horticultores do Tapajós:Contexto formativo no sítio porto de Santarém, baixo Amazonas,

ABSTRACT In Amazonian archaeology, the Formative period is defined as a period between 4000 and 2000 years BP when agriculture became a generalized form of food production and societies became more sedentary. This period is important because it precedes the development of regional societies around the beginning of the Christian Era. However, it is poorly known. This paper presents preliminary data from a survey investigating the site Formative contexts Port of Santarem, in the Lower Amazon region where a long sequence of occupation dates from the Paleo-Indians. Excavations were carried out in an area of permanent preservation at the site during the months of August and September 2011 and another field stage will start in mid-October until the end of November, in order to better observe the local context in Formative period . During the excavations we found traces of recent occupation of the site, an occupation Santarém and some traces that point to a previous occupation in Santarém, located at the base of the cultural layer. We cannot yet claim that it is an occupation of the Formative period, given that the analysis of material are still in early stage and another stage of field will be made to better observe such a context, but at least we think of the initial occupation of the site. KEYWORDS: Amazonian Formative, Tapajós River archaeology, lower Amazon 1. Introdução Segundo as informações advindas de fontes etnohistóricas, assim, como das pesquisas arqueológicas que já se desenvolveram no local, a cidade de Santarém está implantada sobre um grande sítio arqueológico, do qual a área denominada “Sítio Porto de Santarém” faz parte (Fig.1). Figura 1 - Mapa do sítio urbano de Santarém. Márcio Amaral. Estudos arqueológicos indicam uma ocupação de longa duração nessa área, remontando pelo menos ao período Formativo, estimado para a região em 4.000 anos. Apesar de esse sítio ter sido pesquisado desde a década de 1980, esse contexto Formativo ainda é pouco conhecido, e, portanto, tem sido objeto de investigação da pesquisa desenvolvida no âmbito do projeto de dissertação de mestrado Horticultores do Tapajós: Contexto formativo no sítio porto de Santarém, baixo Amazonas, Pará? Desenvolvido pela autora, e do Projeto de Salvamento do sítio PA-ST-42: Porto de Santarém coordenado pela Drª. Denise P Schaan. Tal pesquisa tem como objetivo a observação das estratégias de apropriação e modificação da paisagem, da fabricação e uso de artefatos e dos recursos disponíveis para a subsistência no contexto Formativo, entendendo, contudo, que a dinâmica de ocupação está ligada não apenas à subsistência, mas também a características sociais, políticas e culturais das sociedades locais. 2. Arqueologia do Sítio Porto As pesquisas realizadas por Roosevelt (Schaan, 2010) no sítio Porto permitiram o estabelecimento da seqüência cultural deste, identificando quatro ocupações diferentes: Formativo, pré-Santarém, Santarém e Histórico. As ocupações do Formativo e do período Pré-Santarém, definidas apenas em campo, ainda não foram adequadamente descritas. Roosevelt (1998) caracteriza o Formativo para a Amazônia como o período de sedentarização de horticultores com subsistência baseada no cultivo de raízes e proteína animal. A iconografia zoomorfa e antropozoomorfa encontrada no conjunto cerâmico desse período estaria relacionada a essa forma de subsistência e corresponderia a mais antiga cerâmica com decoração elaborada já conhecida em todas as áreas em que é encontrada. O conjunto cerâmico referente ao Formativo no sítio Porto foi nomeado por Roosevelt (Schaan, 2010: 80) de Aldeia; portanto, a cultura Aldeia apresentaria cerâmica com decoração rara em linhas incisas e lábios e bordas ponteados. Além da cerâmica, Roosevelt contextualiza o Formativo no sítio Porto a partir de outros vestígios, tais como carvão duro e denso, frutos e sementes mais variados, ossos de pequenos mamíferos em maior quantidade do que de peixes e duas datações radiocarbônicas correspondentes ao Formativo, com taxas de isótopos estáveis de carbono marcadamente negativas, indicando a existência de floresta mais densa e fechada do que no período Santarém (Schaan e Roosevelt, 2008: 8), assim como madeira carbonizada de árvores da floresta tropical encontrada a 2m de profundidade, interpretada por Roosevelt como sendo remanescente de uma roça do Formativo (Schaan, 2010: 81). 3 – Metodologia Atendendo aos objetivos do trabalho foi aberta uma unidade de escavação medindo 2mx2m, na área 10 (área de preservação permanente) do referido sítio, com quatro quadrantes de 1m², os quais foram identificados com letras (A, B, C, D e E) a partir da parede norte em sentido horário e escavados à mão por níveis naturais, acompanhando a disposição de estruturas, coletando tanto artefatos líticos e cerâmicos como vestígios faunísticos e botânicos, também foram coletadas amostras de solo, para análises químicas e de remanescentes botânicos e de carvão para datação e para identificação. A escolha do local deveu-se ao fato de que foram nestas áreas que Roosevelt identificou possíveis contextos formativos. Outra etapa de campo será realizada entre outubro e novembro de 2011, na qual outra área de preservação, onde também foram identificados vestígios do Formativo anteriormente, será escavada em superfície ampla (escavação 2mx4m). 4 – Resultados A ocupação mais recente do local foi observada na coleta de objetos de plástico, de ferro e de faiança nos primeiros níveis da escavação. Observamos também uma ocupação Santarém consistente, com grande densidade de material lascado, abrasadores sulcados e alguns poucos abrasadores planos, assim como de material cerâmico com apliques modelados, incisões, ponteados e engobo vermelho. A reutilização da cerâmica como matéria-prima para a produção de outros objetos ficou evidenciada pela existência de dois apliques modelados com um furo central indicando sua possível utilização como pingente e de uma rodela de fuso feita de uma cerâmica engobada de vermelho nos dois lados, remetendo à coloração de alguns desses objetos fabricados em pedra. Na base da camada cultural, mais exatamente nos últimos 40 cm desta, observamos um contexto diferente e relativamente aproximado ao cenário Formativo descrito por Roosevelt, a maior semelhança entre os contextos é a freqüência significativa de carvão em blocos médios duros e densos como Roosevelt indica, outra evidência é a coloração da cerâmica, que é mais clara que aquela da ocupação Santarém, assim como a espessura dos fragmentos é mais fina, contudo a quantidade destes é muito pequena. Com relação a ossos, foram coletados apenas 5 fragmentos e não coletamos sementes nesse pacote cultural. Portanto, embora durante as escavações tenhamos observado que houve uma ocupação anterior à Santarém no local, não podemos concluir se trata-se de fato de uma ocupação formativa, haja vista que as análises de laboratório ainda estão em andamento. Contudo isso aponta para a ocupação inicial do sítio e poderemos pensar a partir de quando se deu a apropriação humana do espaço no sítio Porto. 5 - Referências SCHAAN, Denise P. Salvamento Arqueológico do Sítio PA-ST-42: Porto de Santarém. Relatório Final. UFPA. 2010. SCHAAN, Denise P. e Anna C. ROOSEVELT. Projeto Baixo Amazonas. 1º Relatório Parcial. Belém. 2008. ROOSEVELT, Anna C. Arqueologia Amazônica. In: História dos índios no Brasil. Editado por Manuela Carneiro da Cunha. Cia. Das Letras. 1998. Cap. 3, p. 53-86.

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