Publicação dos resumos do Primeiro Encontro Latino Americano de Arqueologia, realizado em 2005 no Clube de Engenharia.
Esse material histórico acha-se disponível em CD.
O material postado nos anais é cópia direta do material constante do CD
OS MAIAS
Palestrante convidada
Aparecida Açucena
Evidências arqueológicas mostram que os maias começaram a edificar sua arquitetura cerimonial há uns 3000 anos. Entre os estudiosos há certo desacordo entre os limites e diferenças entre a civilização maia e a cultura meso-americana pré-clássica vizinha dos Olmecas. Os olmecas e os maias antigos parecem ter-se influenciado mutuamente.
Os monumentos mais antigos consistem em simples montículos onde construíram tumbas funerárias, precursoras das pirâmides erigidas mais tarde.
Eventualmente, a cultura olmeca ter-se-ia desvanecido depois de dispersar a sua influência na península de Iucatã, na Guatemala e em outras regiões.
Os maias construíram as famosas cidades de Tikal, Palenque, Copán, e Kalakmul, também Uaxactún, Altún Ha, e muitos outros centros habitacionais na área. Desenvolveram um império baseado na agricultura depois de uma longa fase de cidades estados independentes. Os monumentos mais notáveis são as pirâmides que construíram em seus centros religiosos, junto aos palácios de seus governantes. Outros restos arqueológicos muito importantes são as chamadas estelas (os maias as chamam de Tetún, ou “tres piedras”), monolitos de proporções consideráveis que descrevem os governantes da época; sua genealogia, seus feitos de gueraa e outros grandes eventos, gravados em caracteres hieroglíficos.
Os maias participavam ativamente no comércio em toda a Meso-América e possivelmente além. Entre os principais produtos do comércio estavam o Cacau, Sal, e Obsidiana.
Muitos consideram a Arte maia da Era Clássica (200 a 900 d.C.) como a mais sofisticada e bela do Novo Mundo antigo. Os entalhes e relevos em estuque de Palenque e o estatuário de Copán são especialmente refinados, mostrando uma graça e observação precisa da forma humana, que recordaram aos primeiros arqueólogos da civilização do Velho Mundo, daí o nome dado à era.
Somente existem fragmentos da Pintura avançada dos maias clássicos, a maioria sobrevivente em artefatos funerários e outras cerâmicas. Também existe uma construção em Bonampak que tem murais antigos e que afortunadamente, sobreviveram a um acidente.
Com as decifrações da escrita maia se descobriu que essa civilização foi uma das poucas nas quais os artistas escreviam seu nome em seus trabalhos.
Arquitetura
Tão única e espetacular como a arquitetura grega ou romana, a arquitetura maia abarca vários milênios; ainda assim, mais dramática e facilmente reconhecíveis como maias são as fantásticas pirâmides escalonadas do final do período pré-clássico em diante. Durante este período da cultura maia, os centros de poder religioso, comercial e burocrático cresceram para se tornarem incríveis cidades como Chichén Itzá, Tikal e Uxmal. Devido às suas muitas semelhanças assim como diferenças estilísticas, os restos da arquitetura maia são uma chave importante para o entendimento da evolução de sua antiga civilização.
Desenho urbano
Ainda que as cidades maias estivessem dispersas na diversidade da geografia da meso-América, o efeito do planejamento parecia ser mínimo; suas cidades foram construídas de uma maneira um pouco descuidada, como ditava a topografia e declive particular. A arquitetura maia tendia a integrar um alto grau de características naturais. Por exemplo, algumas cidades existentes nas planícies de pedra calcária no norte do Iucatã se converteram em municipalidades muito extensas enquanto que outras, construídas nas colinas do rio Usumacinta, utilizaram os declives e montes naturais de sua topografia para elevar suas torres e templos a alturas impressionantes. Ainda assim prevalece algum sentido de ordem, como é requerido por qualquer grande cidade. No começo da construção em grande escala, geralmente se estabelecia um alinhamento com as direções cardinais e, dependendo do declive e das disponibilidades de recursos naturais como água fresca (poços ou cenotes), a cidade crescia conectando grandes praças com as numerosas plataformas que formavam os fundamentos de quase todos os edifícios maias, por meio de calçadas ou sacbeob. No coração das cidades maias existiam grandes praças rodeadas por edifícios governamentais e religiosos, como a acrópole real, grandes templos de pirâmides e ocasionalmente canchas de jogo de bola. Imediatamente para fora destes centros rituais estavam as estruturas das pessoas menos nobres, tempos menores e santuários individuais. Entretanto, quanto menos sagrada e importante era a estrutura, maior era o grau de privacidade. Uma vez estabelecidas, as estruturas não eram desviadas de suas funções nem outras eram construídas, mas as existentes eram freqüentemente reconstruídas ou remodeladas.
As grandes cidades maias pareciam tomar uma identidade quase aleatória, que contrasta profundamente com outras cidades da meso-américa como Teotihuacán em sua construção rígida e quadriculada. Ainda que a cidade se dispusesse no terreno na forma em que a natureza ditara, se punha cuidadosa atenção à orientação direcional dos templos e observatórios para que fossem construídos de acordo com a interpretação maia das órbitas das estrelas. Afora os centros urbanos constantemente em evolução, havia os lugares menos permanentes e mais modestos do povo comum.
O desenho urbano maia pode descrever-se singelamente como a divisão do espaço em grandes monumentos e calçadas. Neste caso, as praças públicas ao ar livre eram os lugares de reunião para as pessoas. Por esta razão, o enfoque no desenho urbano tornava o espaço interior das construções completamente secundário. Somente no período pós-clássico tardio, as grandes cidades maias se converteram em fortalezas que já não possuíam a maioria das vezes, as grandes e numerosas praças do período clássico.
Processo de Construção
Todas as evidências parecem sugerir que a maioria dos edifícios foi construída sobre plataformas aterradas cuja altura variava de menos de um metro, no caso de terraços e estruturas menores, a até quarenta e cinco metros no caso de grandes templos e pirâmides. Uma trama inclinada de pedras partia das plataformas em pelo menos um dos lados, contribuindo para a aparência bi-simétrica comum à arquitetura maia. Dependendo das tendências estilísticas que prevaleciam na área e época, estas plataformas eram construídas de um corte e um aterro de entulhos densamente compactado.
BANNER DO I ELAA
OS MAIAS
Como no caso de muitas outras estruturas, os relevos maias que os adornavam,
quase sempre se relacionavam com o propósito da estrutura a que se destinavam.
Depois de terminadas, as grandes residências e templos eram construídos sobre
as plataformas. Em tais construções, sempre erguidas sobre tais plataformas, é
evidente o privilégio dado ao aspecto estético exterior em contra-ponto a pouca
atenção à utilidade e funcionalidade do interior. Parece haver um certo aspecto
repetitivo quanto aos vãos das construções nos quais os arcos (como curvas) são
raros, mas freqüentemente retos, angulados ou imbricados, tentando mais
reproduzir a aparência de uma cabana maia, do que efetivamente incrementar o
espaço interior. Como eram necessárias grossas paredes para sustentar o teto,
alguns edifícios das épocas mais posteriores utilizaram arcos repetidos ou uma
abóbada arqueada para construir o que os maias denominavam pinbal, ou
saunas, como a do Templo da Cruz em Palenque. Ainda que completadas as
estruturas, a elas iam se anexando extensos trabalhos de relevo ou pelo menos
reboco para aplainar quaisquer imperfeições. Muitas vezes sob tais rebocos
foram encontrados outros trabalhos de entalhes e dintéis e até mesmo pedras de
fachadas. Comumente a decoração com faixas de relevos era feita em redor de
toda a estrutura, provendo uma grande variedade de obras de arte relativas aos
habitantes ou ao propósito do edifício. Nos interiores e notadamente em certo
período foi comum o uso de revestimentos em reboco primorosamente pintados com
cenas do uso cotidiano ou cerimonial.
Há sugestão de que as reconstruções
e remodelações ocorriam em virtude do encerramento de um ciclo completo do
calendário maia de conta larga, de 52 anos. Atualmente, pensa-se que as
reconstruções eram mais instigadas por razões políticas do que pelo
encerramento do ciclo do calendário, já que teria havido coincidência com a
data da assunção de novos governantes.
Não
obstante, o processo de reconstrução em cima de estruturas velhas é uma prática
comum. Notavelmente, a acrópole de Tikal, parece ser a síntese de um total de
1500 anos de modificações arquitetônicas.
Plataformas Cerimoniais
Estas eram comumente plataformas de pedra calcária
com muros de menos de quatro metros de altura onde se realizavam cerimônias
públicas e ritos religiosos. Construídas nas grandes plataformas, eram ao menos
realçadas com figuras talhadas em pedra e às vezes tzompantli ou uma
estaca usada para exibir as cabeças das vítimas ou sejam, os oponentes
derrotados nos jogos de bola meso-americanos.PalácioGrandes e geralmente muito
decorados, os palácios geralmente ficavam próximos do centro das cidades e
hospedavam a elite da população. Qualquer palácio real grande ou ao menos que
tivesse várias câmaras ou erguido em vários níveis, tem sido chamado de
acrópole. Tais construções consistiam de várias pequenas câmaras ou pelo menos
um pátio interno, parecendo propositadas a servirem de residência a uma pessoa
ou pequeno grupo familiar decorada como tal. Os arqueólogos parecem estar de
acordo em que muitos palácios são também o lugar de muitas tumbas mortuárias.
Em [(Copán]], debaixo de 400 anos de remodelações posteriores, se descobriu a
tumba de um de seus antigos governantes e a acrópole de Tikal parece ter sido o
lugar de vários sepultamentos do final do período pré-clássico e início do
clGrupos E
Os estudiosos têm denominado
de “Grupo E” à freqüentemente encontrada formação de três pequenas construções,
sempre situadas a oeste das cidades, tratando-se de um intrigante mistério a
sua recorrência. Estas construções sempre incluem pelo menos uma pequena
pirâmide-templo a oeste da praça principal que tem sido aceita como observatório devido ao seu preciso posicionamento em
relação ao Sol, quando observado da pirâmide principal nos solstícios e
equinócios. Outras teses sugerem que sua localização reproduz ou pelo menos se
relaciona com a história da criação do universo segundo a mitologia maia.
Pirâmides e Templos
Com
freqüência os templos religiosos mais importantes se encontravam em cima das
pirâmides maias, supostamente por ser o lugar mais perto do céu. Embora
recentes descobertas apontem para o uso extensivo de pirâmides como tumbas, os
templos raramente parecem ter contido sepulturas. A falta de câmaras funerárias
indica que o propósito de tais pirâmides não é servir como tumbas e se as
encerram isto é incidental. Pelas íngremes escadarias, se permitia aos
sacerdotes e oficiantes o acesso ao cume da pirâmide onde havia três pequenas
câmaras com propósitos rituais. Os templos sobre as pirâmides, a mais de 60
metros de altura, como El Mirador, de onde se descortinava o horizonte ao
longe, constituíram estruturas impressionantes e espetaculares, ricamente
decoradas. Comumente possuíam uma crista sobre o teto, ou um grande muro que,
teorizam, poderia ter servido para a escrita de sinais rituais para serem
vistos por todos. Como eram ocasionalmente as únicas estruturas que excediam a
altura da selva, as cristas sobre os templos eram minuciosamente talhadas com
representações dos governantes que se podiam ver de grandes distâncias. Debaixo
dos orgulhosos templos estavam as pirâmides que eram, em última instância, uma
série de plataformas divididas por escadarias empinadas que davam acesso ao templo.
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Observatórios Astronômicos
Os maias
foram excepcionais astrônomos e mapearam as fases e cursos de diversos corpos
celestes, especialmente da Lua e de Vênus. Muitos de seus templos tinham
janelas e miras demarcatórias (e provavelmente outros aparatos) para acompanhar
e medir o progresso das rotas dos objetos observados. Templos arredondados,
quase sempre relacionados com Kukulcan, são talvez os mais descritos como observatórios pelos mais
modernos guias turísticos de ruínas, mas não há evidências que o seu uso tinha
esta exclusivamente finalidade, como também, em vários templos sobre pirâmides
foram encontradas marcações de miras que indicam que observações astronômicas
também foram feitas dalí.
Canchas de Jogos de Bola
Um aspecto
interessante do estilo de vida meso-americano é o seu jogo de bola ritual e
suas canchas ou estádio, que foram construídos por todo o império maia em
grande escala. Estes estádios normalmente situavam-se nos centros das cidades. Tratava-se de espaços
amplos entre duas laterais de plataformas ou rampas escalonadas paralelas, em
forma de “I” maiúsculo direcionado uma plataforma cerimonial ou templo
menor. Tais canchas foram encontradas na maioria das cidades maias, exceto nas menores.
Sistema de Escrita
O sistema
de escrita maia (geralmente chamada hieroglífica por uma vaga semelhança com a
escrita do antigo Egito, com o qual não se relaciona) era uma combinação de
símbolos fonéticos e ideogramas. É o único sistema de escrita do novo mundo
pré-colombiano que podia representar completamente o idioma falado no mesmo
grau de eficiência que o idioma escrito no velho mundo. As decifrações da
escrita maia têm sido um longo e trabalhoso processo. Algumas partes foram
decifradas no final do século XIX e início do século XX (em sua maioria, partes
relacionadas com números, calendário e astronomia), mas os maiores avanços se
fizeram nas décadas de 1960 e 1970 e se aceleraram daí em diante de maneira que
atualmente a maioria dos textos maias podem ser lidos quase completamente em
seus idiomas originais. Lamentavelmente, os sacerdotes espanhóis, em sua luta
pela conversão religiosa, ordenaram a queima de todos os livros maias logo após
a conquista. Assim, a maioria das inscrições que sobreviveram são as que foram
gravadas em pedra e isto porque a grande maioria estava situada em cidades já
abandonadas quando os espanhóis chegaram. Os livros maias normalmente tinham
páginas semelhantes a um cartão, feitas de um tecido sobre o qual aplicavam uma
película de cal branca sobre a qual eram pintados os caracteres e desenhadas
ilustrações. Os cartões ou páginas eram atadas entre si pelas laterais de
maneira a formar uma longa fita que era dobrada em zigue-zague para guardar e
desdobrada para a leitura. Atualmente restaram apenas três destes livros e
algumas outras páginas de um quarto, de todas as grandes bibliotecas então
existentes. Freqüentemente são encontrados, nas escavações arqueológicas,
torrões retangulares de gesso que parecem ser restos do que fora um livro
depois da decomposição do material orgânico.
Relativamente
aos poucos escritos maias existentes, Michael Cor, um proeminente arqueólogo da
Universidade de Yale disse:
“Nosso conhecimento do pensamento maia antigo representa
só uma minúscula fração do panorama completo, pois dos milhares de livros nos
quais toda a extensão dos seus rituais e conhecimentos foram registrados, só
quatro sobreviveram até os tempos modernos (como se toda a posteridade soubesse
de nós, baseados apenas em três livros de orações e “El Progreso del
Peregrino).” (Michael
D. Cor, The Maya, Londres: Thames y Hudson, 4ª ed., 1987, p. 161.)
Matemática
Grafia
dos números maias
Os maias
(ou seus predecessores olmecas) desenvolveram independentemente o conceito de zero
(de fato, parece que estiveram usando o conceito muitos séculos antes do velho
mundo), e usavam um sistema de numeração de base 20. As inscrições nos mostram,
em certas ocasiões, que trabalhavam com somas de até centena de milhões.
Produziram observações astronômicas estremamente precisas; seus diagramas dos
movimentos da Lua e dos planetas se não são iguais, são superiores aos de
qualquer outra civilização que tenha trabalhado sem instrumentos óticos. Ao
encontro desta civilização com os conquistadores espanhóis, o sistema de calendários
dos maias já era estável e preciso, notavelmente superior ao Calendário
gregoriano, muitas vezes reformado depois disto.
Decadência da Civilização Maia
Nos séculos VIII e IX d.C. a cultura maia clássica entrou em decadência,
abandonando a maioria das grandes cidades e as terras baixas centrais. A
guerra, o esgotamento das terras agrícolas e a seca, ou ainda a combinação
destes fatores são freqüentemente sugeridos como os motivos da decadência.
Existem evidências de uma era final em que a violência se expandia : cidades amplas e abertas foram então fortemente guarnecidas
por muradas, às vezes visivelmente construídas às pressas. Teoriza-se também
com revoltas sociais em que classes campesinas acabaram se revoltando contra a
elite urbana nas terras baixas centrais.
Os estados maias pós-clássicos também continuaram prosperando nos
altiplanos do sul. Um dos reinos maias desta área, Quiché, é o responsável
pelo mais amplo e famoso trabalho de historiografia e mitologia maias, o “Popol
Vuh”.
A Conquista dos Estados Maias
Os maias foram absorvidos durante o processo de expansão do Império Asteca por volta do século XV . Por fim, no ano de 1519, Hernan Cortez inicia a conquista das terras
astecas, anteriormente parte do território maia. Algumas cidades ofereceram uma
grande e feroz resistência; a última cidade estado não foi subjugada pelos
espanhóis senão em 1697.
Panorama das Descobertas
De retorno, a mercadoria mais
interessante que trouxe foram habitantes das terras ocidentais, os índios Caraíbas
(vendeu 509 deles em Sevilha em 1495 e seu irmão vendeu 300 no ano seguinte em Cádiz)
que pela sua nudez e falta de cultura logo denunciaram não pertencerem aos
famosos e cultos reinos das índias, havendo até quem dissesse que nem
mesmo descendentes de Adão eram.
Assim, logo se alastrou o
preceito de que se chegara apenas nas antilhas ou seja, terra inculta e
inóspita razão por que, em 1506, Juan
Dias de Solis e Vicente Yanes Pizon, quando chegaram ao México, no extremo
norte do Iucatan julgaram tratar-se apenas de mais outra ilha.
Nem no sôfrego desembarque
emergencial de um punhado de sobreviventes de uma expedição de Vasco Nuñes de
Balboa, em 1511, nas costas do México, nem a chegada de Ponce de León em 1513,
mais ao norte, na Flórida, deram notícia dos Maias, que continuaram ignorados
mesmo de Fernando Cortez quando se apoderava do Império Asteca no México
Central a partir de 1519.
Conquista do Iucatã
Foi somente em 4 de março de 1517
que a flotilha comandada por Francisco Hernandes de Córdoba, (que estava à cata
de índios para os escravizar nas fazendas de Cuba), fugindo a uma tempestade
que já durava dois dias, aportou no norte do Iucatã e logo foi assediada por
algumas canoas repletas de maias vestidos em túnicas de algodão e (em razão de
suas aparências) os espahóis lhes logo lhes atribuíram mais razão que os
habitantes de Cuba.
As sólidas e grandiosas
construções (“casas de cal y canto”) visíveis do mar inspiraram o nome
que os espahóis deram ao lugar: “Gran Cairo” que evocava a cultura islamita da
qual os ibéricos eram tradicionais adversários (recorrentemente chamavam as
pirâmides de mesquitas). Tratava-se do primeiro contacto entre as duas
civilizações.
Entendendo-se por sinais, os
espanóis aceitaram o convite e desembarcaram no dia seguinte e, após duas horas
de marcha continente adentro, foram surpreendidos pelo ataque dos maias no
qual, já de início sucumbiram 15 espanhóis. E sucumbiriam todos, se não fora o
uso dos mosquetes que mais pelo barulho que pelo efeito fatal, pôs os atacantes
em fuga.
Nos conta Bernal Diaz de Castilho
em sua obra História da Conquista da Nova Espanha, que ficaram
horrorizados pelo grande número de ídolos de argila, uns com cabeças monstruosas,
mulheres de grande estatura, todos em cenas e gestos diabólicos e que ...Gonzales,
o padre da expedição, passou os cinco dedos em diversos deles e confiscou todo
o ouro que encontrou
Apresando dois maias, a expedição
se fez ao mar novamente e navegou a oeste e sul até chegar na atual Campeche
cujas duas grandes torres visíveis ao longe do mar inspiraram o nome Punta
de las Mujeres dado ao local.
Aí os espanhóis horrorizaram-se
pois o sacerdote local acabara de praticar um sacrifício e as paredes, assim
como os cabelos do sacerdote estavam ensopados de sangue (e era preceito
rigoroso que não se os podia limpar). O mal estar deve ter ficado explícito e o
sacerdote convocando um grande número de guerreiros fez os espanhóis entenderem
que não eram benvindos: acenderam uma pequena fogueira deram a entender que se
eles não se fossem até o fogo
se extinguir, iria haver violência.
Cautelosa a tripulação retirou-se e rumou mais para o sul até Champoton
onde desembarcaram pois a provisão de água dos navios tinha se acabado e era
necessário renová-la. Tentando encher suas pipas e vasilhas num poço do maias,
estes os hostilizaram e atacaram por dias a fio, flexando-os a distância do fio
das espadas e dos tiros de mosquetes que já não os assustavam.
Sem outra
alternativa, os espanhóis romperam o cerco e fugiram em direção aos navios,
abandonando as vasilhas de água. Na fuga, os batéis emborcaram e os espanhóis
seguiram meio a nado, meio agarrados aos escombros, e depois foram resgatados.
Da centena
de homens do início da expedição, neste embate cinqüenta foram mortos e os que
não tiveram suas gargantas cortadas com espadas de madeira encravadas de sílex
foram capturados para servirem a futuros sacrifícios, e todos os demais ficaram
feridos a exceção de um único soldado que surpreendentemente saiu ileso.
O próprio
cronista Bernal Diaz de Castilhos, então com 25 anos havia levado três
flexadas, e o chefe da expedição Hernandes de Córdoba veio a falecer das
complicações dos ferimentos daqueles combates.
Feitos ao
mar sem água potável, com pesadas baixas mas com um punhado de ouro, estes primeiros conquistadores
foram o estopim para futuras expedições de outros tantos aventureiros. Assim se
iniciava a conquista dos estados maias.
Redescoberta dos Maias
As colônias espanholas americanas estavam muito afastadas do mundo
exterior, e as ruínas das grandes cidades antigas eram pouco conhecidas exceto
pelos locais. Entretanto, em 1839, o explorador americano John Lloyd escutando
notícias de ruínas perdidas nas selvas, visitou Copán, Palenque, e outras
localidades acompanhado do arquiteto e desenhista Frederick Catherwood. Seu
diário de viagem ilustrado sobre as ruínas incendiaram um forte interesse pela
região e sua gente promovendo a assimilação do vínculo com a cultura maia entre
os dirigentes locais
A maioria da população rural contemporânea da Guatemala e Belize é maia por
descendência e idioma primário; em áreas rurais do México ainda existe
uma cultura maia.
Adorei o blog!! Parabéns!! Voltarei para novas consultas em breve!
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