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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

ANAIS DO I ENCONTRO LATINO AMERICANO DE ARQUEOLOGIA



ANAIS DO I ENCONTRO LATINO AMERICANO DE ARQUEOLOGIA

As populações Pré-históricas da Amazônia
Dra. Maura Imazio da Silveira


Inicialmente, apresentaremos em linhas gerais o Museu Goeldi, a natureza e os objetivos da arqueologia e alguns exemplos dos diferentes tipos de sítios que são encontrados na Amazônia.

Posteriormente, com base nos dados arqueológicos, em uma perspectiva cronológica e econômica, será apresentado um panorama breve sobre a ocupação pré-histórica da Amazônia, alguns exemplos de vestígios encontrados durante as pesquisas do Museu e para finalizar as contribuições da arqueologia para a região

Convém ressaltar que o MPEG foi a única instituição na Amazônia brasileira, durante décadas, a ter um departamento de Ciências Humanas com pesquisas nas áreas de antropologia, etnologia, arqueologia, lingüística, sociologia e história.

O Museu Goeldi realiza pesquisas arqueológicas na Amazônia desde a segunda metade do século XIX sendo referência para as pesquisas arqueológicas realizadas nesta região.


Estudo do passado humano a partir dos vestígios remanescentes
     ▪ Utiliza fontes de estudo primárias: documentos naturais, culturais e
     ▪ Fontes de estudo secundárias: publicações, documentos, informações, etc
  É necessário interação com diversas disciplinas das ciências biológicas, humanas e exatas

A produção do conhecimento sobre a pré história amazônica inicia com os viajantes naturalistas tais como Hart, Ferreira Penna, Barbosa Rodrigues, Frederico Barata, Aureliano Lima Guedes, Coudreau,entre outros.
Nessa época foram produzidos relatos detalhados e aquisição de peças que iriam compor os acervos dos museus.




Com a fundação do MPEG começam a ser formadas as coleções (atualmente, o material arqueológico proveniente dessas coleções faz parte da reserva técnica Mário Simões na área de arqueologia).




Entre 60-70 é criada a área de arqueologia e as pesquisas se intensificam com o desenvolvimento do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas da Bacia Amazônica - PRONAPABA.


Coordenado por Betty Meggers & Clifford Evans, do Smithsoniam Institute, o PRONAPABA foi dividido em diversas áreas. A equipe do Goeldi foi chefiada pelo pesquisador Mario Simões. Outros arqueólogos como Ondemar Dias, Eurico Miller e Celso Perota, foram convidados a trabalhar também no desenvolvimento do referido programa. 

As pesquisas realizadas, utilizaram como base, principalmente, a cerâmica arqueológica,  estabelecendo Tradições, subtradições e fases.A Tradição é usada para designar um grupo de elementos ou técnicas com grande amplitude espacial e temporal. 
Uma Tradição comporta várias fases e mesmo subtradições A Fase é mais restrita, indica um conjunto de elementos culturais associados entre si e relacionados conforme a localidade (espaço) 
ou o tempo.

A partir desses dados foi elaborado um panorama das populações pré-históricas que habitaram a Amazônia

Reconstituição do povoamento da Amazônia pré-histórica
(Mario Ferreira Simões 1983)


Coletores pescadores ceramistas (6.000-200AC)

Tradição Mina (fase Mina – sambaquis litorâneos/PA e MA, fase Castália e Macapá -sambaquis fluviais, Uruá – sambaquis de gastrópodes fluviais).  Relacionados a Fase Alaka (litoral Guianas







Agricultores incipientes (1.100-200AC)
Tradição Hachurada zonada (fase Ananatuba no Marajó; fase Jauari – sambaqui fluvial no baixo amazonas/lago grande de Curuá). Inclui ainda Fases no Equador (Yasuni e Pastaza) e no Peru (Tutischcainyo e Waira-Jirca).


Horticultores de Floresta Tropical (0 - 1.600AD)
ØTradição Borda Incisa
  (fase Mangueiras/Marajó e Mexiana; Manacapuru e Caimbé/médio Amazonas, associados a subtradição Guarita/Tradição Policroma). Na bacia do Orinoco (fases Nericagua, complexos Cotua e Los Caros) 
ØTradição Incisa Ponteada de 900 AD até tempos históricos
   localização geográfica - Calha do Amazonas e alguns tributários. Cultura Santarém/rio Tapajós, complexo Konduri/ rios Nhamundá Trombetas, Mazagão/Amapá; Paredão/baixo rio Negro; Sanabani /lago de Silves; Urucará e Jatapú/baixo rio Uatumã; Diauarum e Ipavu/alto Xingu,Tauá/Tocantins. 
ØFases flutuantes ou independentes (grande quantidade)


Agricultores Subandinos (100-1.300 AD)

ØTradição Policroma
  (fase Marajoara/Marajó, Subtradição Guarita na parte ocidental da bacia Amazônica – fases Itacoatiara, Guarita, Tefé, Apuaú,Manauacá, Samambaia, Silves, São Joaquim, Pirapitinga, Marmelos e Pupunhas). Fases: Napo (Equador) e Caimito (Peru).




Nos anos 80 começa uma nova fase para a 
arqueologia da Amazônia.




Pesquisadores do museu iniciam projetos acadêmicos para mestrado e doutorado. Anna Roosevelt realiza pesquisas em Marajó, Santarém e Monte Alegre (PA)-projeto baixo Amazonas- e apresenta os primeiros resultados


Começam os grandes projetos empresariais (hidrelétricas, mineração, rodovias, etc) e os financiamentos para os trabalhos de levantamento e salvamento arqueológico. Na década de 90 outros pesquisadores também começam a trabalhar na Amazônia brasileira (Eduardo Neves, Denise Gomes, entre outros).




O que sabemos até o momento


Panorama atual do conhecimento (com base em critérios econômicos e croos dados aqui apresentados tem por base as pesquisas arqueológicas realizadas pelo Museu Goeldinológicos)



 Paleoíndio/ caçadores-coletores (Pleistoceno e início do Holoceno/ 12.000–1.000 anos AC)sítios caçadores-coletores, geralmente em cavernas e abrigos. Maior partes dos vestígios é composta por artefatos lascados (pontas de flechas, raspadores, furadores, entre outros, confeccionados, primeiramente em quartzo e posteriormente em sílex/calcedônia). Nesse período verificamos a presença de uma economia ampla e diversificada adaptada a floresta tropical. Foram observados diversos modos de utilização dos recursos naturais, variando conforme às condições de cada região ocupada.Registramos esses sítios no
Pará - em Carajás e Monte Alegre; Amapá, Amazonas, Roraima e Rondônia..

Arcaico/caçadores-coletores-pescadores e também os caçadores-coletores mais recentes (Holoceno/ 6.000-200AC)

Os tipos de sítios variam: sítios em grutas e abrigos, sambaquis (litorâneos e fluviais) e sítios cerâmicos habitação ou acampamentos.Tanto nos sambaquis como nos sítios cerâmicos observamos, em alguns casos, a presença de TPA. 
O material arqueológico geralmente é composto por artefatos confeccionados em pedra lascada, polida e também em conchas e ossos, além de restos orgânicos.
Neste período, as mudanças significativas do ambiente proporcionaram maior disponibilidade de recursos naturais (formação e expansão dos mangues, mudança no regime dos rios/temporários-perene, formação de grandes áreas de floretas). Puderam ser verificadas estratégias adaptativas ainda mais diversificadas, caracterizando-se pela exploração de recursos aquáticos (pesca e coleta), caça de pequenos animais, além de coleta, manejo e domesticação de várias plantas.

Formativo (Holoceno /1.100AC -1.600AD)
Os sítios são cerâmicos, a céu aberto, habitação ou acampamentos, presença em alguns de TPA. Na ilha de Marajó existem os Tesos (grandes aterros artificiais).

Caracterizado por práticas agrícolas ou economia de subsistência eficiente, ocupações edentárias e aumento da densidade demográfica. Segundo os resultados das pesquisas realizadas por Anna Roosevelt a Amazônia foi um centro de inovação cultural durante o arcaico e o formativo. Foi no sambaqui de Taperinha, que coletamos a cerâmica mais antiga das Américas (8.000anos AP).


ILHA DE MARAJÓ
Grupos ceramistas há 3.000 anos
Fases Formiga, Ananatuba, Magueiras e Marajoara
Sociedades Complexas:
    Cultura Marajoara – de 400 a 1300 d.C. Caracterizou-se por:
ØManejo hidráulico e exploração intensiva de recursos aquáticos;
ØConstrução de tesos de até 10m de altura;
ØElaborado sistema ritualístico-religioso, culto

 aos antepassados, enterro em urnas.



LITORAL DO PARÁ 

Região do Salgado


Ocupação antiga: há 6.000 anos AP
Sambaquis: populações que sobreviviam de maneira sedentária explorando recursos aquáticos
   Fases: Mina,Uruá,Tucumã,Areão.
Sítios cerâmicos - Sítios de grupos horticultores antigos

 (há 2000 anos AP)
Sítios históricos (edificações, igrejas, fornos/caieiras, etc)
Sítios submersos


SUL DO PARÁ

TradiçãoTupiguarani - 300 a 1500 AD
Fases Itacaiúnas, Tauari, Tucuruí






MARANHÃO

: como no litoral do Pará, bastante destruídos
A ocupação litorânea é mais recente do que no Pará, 1500-1300 anos AP
Estearias ou palafitas (aldeias lacustres) do Lago Cajari (570DC)-baixada maranhense
Há também sítios históricos
Registros rupestresSambaquis

O Museu Goeldi é a única instituição na Amazônia brasileira com laboratórios devidamente equipados para as pesquisas arqueológicas e com corpo técnico científico de profissionais qualificados.Projetos desenvolvidos em conjunto com as pesquisas arqueológicas tem um papel relevante, contribuindo não só para divulgação do conhecimento sobre o passado como para a proteção do patrimônio
PANORAMA ATUAL

Poucos arqueólogos atuando/morando na Amazônia- Grande demanda de projetos de contrato


NECESSIDADE
Formação de. novos profissionais para atuar na Amazônia

Em resumo:

Através desta pequena mostra que nos apresentou uma grande quantidade de vestígios arqueológicos podemos constatar que a Amazônia foi densamente povoada. 


 Investindo em pesquisas, poderemos aprender muito estudando os registros arqueológicos que nos revelam formas criativas e satisfatórias de manejo do ambiente





















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